terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Mensagem de Natal

Porque se aproxima o Natal e porque quero deixar aos meus novos amigos uma mensagem de Natal... fui buscar esta, que escrevi no ano passado para duas ou três pessoas muito especiais. Um ano se passou, tanta coisa aconteceu... e agora conheço muito mais gente especial!



Lembro aquele Natal numa qualquer pensão em Angola. Teria 5 anos. O meu pai tinha perdido tudo num qualquer negócio mal feito (quantas vezes aconteceu, meu Deus?). Vivíamos 4 num quarto, mas mesmo assim houve um pinheiro (seria?) enfeitado com laços de fita de embrulho. E houve prendas (sei que recebi uma magnífica bisnaga de leite condensado proveniente dalguma "ração de combate" de um militar...).
Lembro outros Natais, passados na Lousã, entre os seis e os dez anos, com imensa gente, imensas prendas, em casa dos meus avós. O presépio levava dias a construir e o meu avô (electricista) fazia fontes, rios a correr, estrelas a acender... Os meus pais mandavam-me bonecas (será que mandavam?) com que eu não podia brincar para não estragar. Mas eles não estavam lá e, durante 4 anos fiquei à espera deles em vão - nunca havia dinheiro para virem de Angola.
Recordo com saudade aqueles Natais da minha adolescência. O meu pai (nos anos em que não estava falido) convidava militares para cearem connosco. Havia sempre cantoria (o meu irmão já tocava guitarra) e festa até de madrugada. As prendas eram mais do que muitas. O gira-discos portátil, a mini-mota, o fato de bombazine Wrangler, as calças Lafinesse, o estojo de maquilhagem que veio da África do Sul!!!!
Depois houve aqueles outros Natais que não quero lembrar - quando vim para Portugal, com 16 anos, casada com um troglodita com uma família que como prenda de Natal não me insultavam nem batiam no dia 25!
Depois foram os meus Natais, em minha casa, com toda a gente, filhas, pais, irmãos, sogros, cunhados. Dias infernais de trabalho, mas sempre vivos de amor. Todos os anos a única discussão era a escolha do Pai Natal! Todos queriam ser e cabía-me sempre a mim a árdua imparcialidade da escolha.
Agora estes Natais - estranhos! Filhas num dia, pais no outro, enteados às vezes, irmãos conforme a vontade das cunhadas... Mas são Natais.
Acredito no Menino Jesus e, embora o meu presépio seja de pau-preto e as figuras tenham feições marcadamente afro, olho para Ele com carinho e agradeço-Lhe esta oportunidade de estar com aqueles que amo.

"Olha o Natal outra vez. E não saber ignorá-lo... não poder rasgar-lhe a página... não conseguir despedi-lo... mai'las suas asas grotescas de monstro decadente!
Que venha, pois. Que entre, tire o ridículo barrete, sacuda a poeirada dos ombros e das botas, abra o remendado saco. E cumpra a sua única e definitiva missão: levar este meu aconchegado abraço a quem muito bem quero. "


Ainda bem que é Natal outra vez. Ainda bem que me doem as costas de tantas horas em pé a fritar rabanadas e a escolher grelos. E se a sua única e definitiva missão é levar os nossos abraços a outrem e trazer outros para nós próprios, então que mais Natais venham, que cada Natal da minha vida é uma página da minha história que (espero) ainda vai a meio!

21 comentários:

Misterioso disse...

Bonito blog passe pelo meu.
sabe as vezes a vida é dura mas o Natal é sempre Natal...

Graça Lopes disse...

Desejo-lhe mais um Natal a juntar ao lote daqueles Natais felizes que nos aquecem a alma! Os outros que permaneçam por trás da cortina das nossas lembranças sem nos importunar.
Felizes Natais para sempre.

Anónimo disse...

Agradeço a parte que me cabe da mensagem.

E retribuo com dose redobrada.

Boas festas!!!

To e Li disse...

Sem comentários!!!

Gosto muito de ti!

Beijinhos

LInda

Mrs. Sea disse...

Que este teu Natal seja mais um para teres boas recordações!
Bjins

Branca disse...

Olá minha querida amiga,

Gostei imenso deste extraordinário texto de contrastes e de uma vida tão vivida e tão cheia.
Como sabes mesmo sem ter ido a África sempre me fascinam as vivências desse mundo imenso. Todos nós antes de 1974 tivemos lá família a viver ou na vida militar e todos nós que hoje temos para cima de 50 ou 60 anos vivemos através deles o fascínio dessas paragens.Também tenho um presépio pequenino de pau preto que me ofereceu o franciscano que me casou e que como sabes passou longos anos por essa tua Angola.
Este ano ando com um espírito de Natal muito baixo, ele devia ser todos os dias, mas dizemos sempre a mesma coisa e depois esquecemos.
Desejo-te dias felizes e que a tua reunião de família seja muito alegre, é o principal, que todos tenham um dia com muito amor e que possamos levar para a nossa mesa, pelo menos em espírito os que andam por aí nessa noite vagueando a sua solidão.
Deixo-te beijinhos.
Branca

Carecaloira disse...

Beijinho grande tia Albertina.

Os meus últimos Natais trazem-me nostalgia, tristeza, será que este ano vou poder sorrir??

Marina

Lisa disse...

Tia Belita,

Que bela mensagem de Natal partilhas-te connosco. Obrigada.

Que Deus te dê em dobro, aquilo que me tens dado.
És linda!

Beijinhos

Lisa

Carlos Dias disse...

Mais uma vez li (ou reli?), com muito prazer, a sua interessante prosa, cheia de sentimento...

Bjs

mariana, a miserável disse...

onde estás mimi?

Elvira Carvalho disse...

Que seja aquele Natal especial que todos desejamos ter. Alegre, feliz, cheio de amor. Com ou sem rabanadas, mas com muito amor à volta.
Um abraço e boas festas

Liliana disse...

Tia,
Que texto tão lindo, tão tocante...
é um orgulho poder ser sua sobrinha.
Um Feliz Natal com amor, paz, serenidade, properidade e claro muita saúde.

Beijinhos

paula disse...

passei para desejar um bom natal e agradecer a sua presença nas nossas vidas
beijinhos de luz
Paula Padinha

Unknown disse...

OLÁ AMIGA ALBERTINA
Passo para lhe deixar os meus votos de um FELIZ NATAL com muitas coisas boas junto da familia e amigos mas se possivel sem dores de costas hehehe
abraçâo
jorge

paula machado disse...

olá Albertina

passei para lhe desejar um Santo e Feliz Natal junto de quem mais desejar

beijinhos do tamanho do Mundo

To e Li disse...

Albertina !!!
Cheguei tarde ao sitio do costume, amanhã ligo ok?

Mas como fica bem e tal aqui vai...

Felizzzzzz Natallllllll
Beijinhos
Linda

Elvira Carvalho disse...

Depois de uns dias de ausência, (desta vez foi o pc que foi para o hospital) estou de regresso.
Agradeço-lhe e retribuo os votos de bom 2009.
Um abraço e bom fim de semana

Teresa disse...

E a brincar, a brincar mais um Natal conseguiu passar, cansada de tantos fritos e, mesmo que ainda vá a meio da história da sua vida, consegue sempre retirar dela os ensinamentos necessários para se mostrar uma senhora forte e digna. Ora assim é que é.

Agradeço as suas palavras no meu penúltimo post. Não deixarei de ser quem sou, independentemente do layout que venha a escolher. Descanse.
Só na p+arte do "sempre divertida" é que não prometo nada... é que nem sempre as coisas me alegram, mesmo que em mim provoquem fortes gargalhadas. Mais que não seja pelo ridículo que encerram. Mas isso...

Renovo os votos de feliz 2009. Para si e para as suas meninas todinhas!

Beijo grande!

Ana João disse...

Minha querida mãe,

Vim aqui agradecer-te todos os Natais que tornaste mágicos. Tu e essa tua força avassaladora que consegue transformar um dia que traz lembranças tristes e outras nostálgicas, num dia cheio de cheiros bons e gargalhadas.

Lembro-me dos meus Natais de infância: os melhores do mundo, sem dúvida! Todos juntos, muitos teatros, e anedotas, e concertos, e a espera angustiante da meia-noite. E, claro, as tuas deliciosas comidas...

Depois veio o estranho, o esquisito dos dias partidos, e as gentes separadas, e a raiva não dita porque descabida... mas tu sempre lá, sem desistires do presépio e do pai natal e das luzinhas e dos centros de mesa e da familia, fosse qual fosse o teu estado!

E agora mais um Natal. Toda a gente diz que o Natal deve ser todos os dias... e eu percebo o que se quer dizer, mas entendam também que o Natal é especial por isso mesmo - por ser só um dia! Por ser aquele dia em que luz fica diferente.

E neste natal, mais pobre que muitos outros, pela crise, pela falta de saúde, pela ausência de alguns e a resmunguice de outros,neste natal, mãe, voltei a acordar como antes, quando era pequenina, com aquele nó no estômago que só aparecia nos dias em que fazía anos ou ía à Feira de maio andar nos carroceis! Neste Natal estavas lá tu, cúmplice comigo e com o meu entusiasmo. E houve não um, mas dois pais natais, e houve anedotas, e muita comida boa, e presentes de uma meia-noite antecipada mas nem por isso menos saborosa... e os netos voltaram a juntar-se para pintar aquela magnífica tela cheia de cús e pipis feitos pela pequenitatche e disfarçados pelos mais velhos, apresentada com uma magnífica coreografia à antiga!

E estavam lá quase todos, e houve fofoquices e tagarelices, mas acima de tudo muitos beijos e eolhares brilhantes, que não desaparecem ao longo do ano mas são reforçados nesta data tão especial que sem ti não faria muito sentido!

Obrigada mãe!

Branca disse...

Olá Albertina,

Agora percebi porque não tiras daqui o post de Natal, com esta declaração de amor da Ana, que até a mim me comoveu, não é fácil passar à frente.
Os filhos(as) são encantadores, têm momentos em que nos levam ao céu.
Também gostei muito da tua ovelhinha negra, já lhe dei uma ervinha, uma palhinha e brinquei com ela, eheheh!
Beijinhos para ti.
Branca

Branca disse...

Parabéns, no Natal,eheheh!
Então não é Natal todos os dias?
E parabéns é hoje e é Natal também, o teu Natal.
Beijinhos.
Branca